4 de abril de 2006
O Inventário da Arquitectura do Açúcar
Independentemente da comemoração que assinala o nascimento de Alexandre Herculano, um grande defensor do património cultural nacional, seria interessante ajustar esta data para sublinhar a necessidade de um inventário da Arquitectura do Açúcar na Madeira.
A Ilha da Madeira deve tanto ao açúcar, como o próprio "doce" extraído da cana acabou por dever ao nosso clima e às nossas condições mesológicas. Do 1.º ciclo açucareiro (séculos XV e XVI) não temos, pelo menos à superfície visível da terra, uma única ruína, estrutura ou coisa construída que nos evidencie o conhecimento tipológico dos engenhos. Todavia, do 2.º ciclo açucareiro (séculos XIX e XX) ainda temos um universo de estruturas visíveis, muitos delas com potencialidade museológica ou turística.
Da Cidade de Machico ao Porto do Moniz e desta localidade, pela via do Norte, ao Porto da Cruz podemos ainda observar muitas fábricas e muitos engenhos de açúcar e de aguardente dos séculos XIX e XX. No entanto, apesar de existiram consideráveis estudos históricos sobre a importância destas unidades industriais no universo social, económico e cultural madeirense não temos, ainda, um inventário sistemático e tecnicamente bem realizado sobre esses imóveis.
Qualquer estratégia que tenha como objectivo a salvaguarda do património cultural requer, "a priori", um estudo de inventário, ou seja, um levantamento exaustivo e actualizado dos edifícios e das ruínas que ainda "povoam" a paisagem cultural madeirense. Não é difícil constatar - pela diversidade e pela quantidade dos imóveis que resistiram ao tempo dos Homens - a importância destas indústrias na economia madeirense. E continuam a tê-lo. Na verdade, a indústria turística, que tão bem tem despertado o PIB Regional, tem sobrevivido pela qualidade oferta da paisagem natural e cultural. Naturalmente que, para além dos outros patrimónios que singularizam o espaço insular (quintas, solares, poios, levadas, casas tradicionais, entre outras), os engenhos assumem essa relação de garantia de qualidade e de autenticidade. Constituem, a meu ver, utilizando uma palavra economicista, uma mais-valia na oferta patrimonial regional. Deste modo, seria imperativo pensar, a curto prazo, num programa de incentivo e de reabilitação destas unidades para fins culturais e turísticos. A preservação do património arquitectónico não implica uma estratégia de recuperação para os mesmos fins de origem dos imóveis.
Saliento, entre outros, os engenhos do Jardim do Mar, do Arco da Calheta, de São Vicente, de Machico, do Faial e da Ponta Delgada. São exemplos carismáticos potenciadores de investimento, considerada a diversidade da oferta e o desenvolvimento da segmentação da oferta turística, preconizada pelo Plano de Ordenamento Turístico da região Autónoma da Madeira.
A realização de um inventário e de um programa de incremento para a preservação da arquitectura do açúcar implica, a meu ver, três directrizes fundamentais: vontade política, articulação institucional e privada e, impreterivelmente, interesse, criatividade e capacidade de coordenação. Mas atenção, o impulso não deverá ser pensado na óptica do turista ou do visitante. Neste caso, o respeito pela memória do madeirense estará em primeiro lugar.
A Ilha da Madeira deve tanto ao açúcar, como o próprio "doce" extraído da cana acabou por dever ao nosso clima e às nossas condições mesológicas. Do 1.º ciclo açucareiro (séculos XV e XVI) não temos, pelo menos à superfície visível da terra, uma única ruína, estrutura ou coisa construída que nos evidencie o conhecimento tipológico dos engenhos. Todavia, do 2.º ciclo açucareiro (séculos XIX e XX) ainda temos um universo de estruturas visíveis, muitos delas com potencialidade museológica ou turística.
Da Cidade de Machico ao Porto do Moniz e desta localidade, pela via do Norte, ao Porto da Cruz podemos ainda observar muitas fábricas e muitos engenhos de açúcar e de aguardente dos séculos XIX e XX. No entanto, apesar de existiram consideráveis estudos históricos sobre a importância destas unidades industriais no universo social, económico e cultural madeirense não temos, ainda, um inventário sistemático e tecnicamente bem realizado sobre esses imóveis.
Qualquer estratégia que tenha como objectivo a salvaguarda do património cultural requer, "a priori", um estudo de inventário, ou seja, um levantamento exaustivo e actualizado dos edifícios e das ruínas que ainda "povoam" a paisagem cultural madeirense. Não é difícil constatar - pela diversidade e pela quantidade dos imóveis que resistiram ao tempo dos Homens - a importância destas indústrias na economia madeirense. E continuam a tê-lo. Na verdade, a indústria turística, que tão bem tem despertado o PIB Regional, tem sobrevivido pela qualidade oferta da paisagem natural e cultural. Naturalmente que, para além dos outros patrimónios que singularizam o espaço insular (quintas, solares, poios, levadas, casas tradicionais, entre outras), os engenhos assumem essa relação de garantia de qualidade e de autenticidade. Constituem, a meu ver, utilizando uma palavra economicista, uma mais-valia na oferta patrimonial regional. Deste modo, seria imperativo pensar, a curto prazo, num programa de incentivo e de reabilitação destas unidades para fins culturais e turísticos. A preservação do património arquitectónico não implica uma estratégia de recuperação para os mesmos fins de origem dos imóveis.
Saliento, entre outros, os engenhos do Jardim do Mar, do Arco da Calheta, de São Vicente, de Machico, do Faial e da Ponta Delgada. São exemplos carismáticos potenciadores de investimento, considerada a diversidade da oferta e o desenvolvimento da segmentação da oferta turística, preconizada pelo Plano de Ordenamento Turístico da região Autónoma da Madeira.
A realização de um inventário e de um programa de incremento para a preservação da arquitectura do açúcar implica, a meu ver, três directrizes fundamentais: vontade política, articulação institucional e privada e, impreterivelmente, interesse, criatividade e capacidade de coordenação. Mas atenção, o impulso não deverá ser pensado na óptica do turista ou do visitante. Neste caso, o respeito pela memória do madeirense estará em primeiro lugar.
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