7 de setembro de 2007
Faial celebra Senhora da Natividade
Em união com todos os faialenses residentes no estrangeiro, Faial celebra nossa Senhora da Natividade.
A comunidade do Faial celebra a Padroeira nos dias 8 e 9. Outrora iam romeiros de toda a Ilha. Certamente desde a sua criação, por alvará régio de 20 de Fevereiro de 1530. Em 1590 já Gaspar Frutuoso escrevia sobre a romaria da Senhora do Faial. De cem fogos que constituíam a comunidade paroquial, no dia da Senhora da Natividade, 8 de Setembro, reuniam-se mais de oito mil pessoas. Já então se festejava a Senhora do Faial, com pompa, solenidade, comes e bebes, música e danças. Eis o que diz o ilustre historiador. (Tomamos a liberdade de actualizar a ortografia) « (…) Pelo seu dia que vem a oito de Setembro, se ajuntam de romagem de toda a ilha, passante de oito mil almas, onde se vê uma rica feira de mantimentos de muita carne de porco, vaca e cabrito, a qual é uma estremada carne de gostosa naquela ilha, ainda que em muitas outras terras e ilhas seja a pior de todas. Ali se ajuntam muitos cabritos e fructas, e outras coisas de comer, para os romeiros comprarem, os quais muitas vezes se deixam estar dois, três, e mais dias em Nossa Senhora, descansando do trabalho do caminho, porque vem de dez, e doze léguas por terra muito fragosa, e juntos, fazem muitas festas de comédias, danças e músicas de muitos instrumentos de violas, guitarras, fructas, rabis, e gaitas de fole; e pelas faldas das ribeiras, que tem grandes campos, no dia de Nossa Senhora e no seu oitavário se alojam os romeiros em diversos magotes, fazendo grandes fogueiras entre aquelas serranias. Dizem que ali apareceu Nossa Senhora onde tem a igreja».«Mutatis mutandis» (mudadas as coisas que deveriam ser mudadas) a tradição volta a acontecer, hoje, em terras faialenses. Para a grande Festa da Natividade do Faial, estão a chegar, não só de toda a ilha, mas de todo o orbe terrestre, onde se encontram filhos da terra do Faial, que levam a Senhora da Natividade na sua bagagem e no seu coração: da Venezuela, do Brasil, dos Estados Unidos; da Austrália, das Ilhas do Canal, etc., para em união com os seus devotos residentes na terra, celebrarem a sua secular Padroeira, a Senhora da Natividade. O Programa litúrgico, musico-cultural, gastronómico e folclórico, não se distanciará muito do século XVI. Terão mudado os meios de transporte, os dias da celebração, a forma de expressar-se e divertir-se. Mas, no fundo a intenção é a mesma: louvar a Senhora da Natividade, agradecer-lhe a intercessão consequente de Padroeira pelos filhos e afilhados, onde quer que se encontrem, descansar um pouco da rotina quotidiana, alimentar a tradição musical, enriquecer o espírito para, logo que possível, regressar à arena do trabalho e da construção de um mundo melhor. A festa é feita por toda a comunidade, pois este ano, não há festeiros especiais, a excepção duma devota que vai oferecer as flores com que serão ornamentadas a igreja paroquial e o andor de Nossa Senhora.No sábado, às 13 horas será hasteada a Bandeira de Nossa Senhora da Natividade, a Novena da vigília está pautada para ass 20H30 e no domingo, a Eucaristia da Festa vai ser celebrada 14H00, seguida tradicional Procissão.A devoção da Natividade na MadeiraÉ muito curioso o facto de ser apenas na paróquia do Faial, que se venera ex-professo, a Natividade de Nossa Senhora, como Padroeira da Comunidade Paroquial, desde os tempos da criação da mesma paroquia, sinal evidente de que já existia essa devoção, desde os tempos antigos da colonização daquelas terras.Outro facto que nos põe a pensar - ou será apenas uma coincidência histórica - é haver uma Capela da Natividade no sítio também chamado «Faial» da paróquia de Santa Maria Maior. Que relação poderá ter havido entre estas duas primitivas capelas, dedicadas à Senhora da Natividade, as duas edificadas nos sítios com o mesmo nome, tão próximas no tempo, mas tão distantes no espaço.A Capela da Natividade no sítio do Faial, em Santa Maria Maior foi edificada por Zenóbio Acciaioly, filho e sucessor na administração do morgadio de Simão Acciaioly, falecido em 1544. Embora se desconheça a data da construção da primitiva capela de Nossa Senhora da Natividade do Faial, sabe-se que foi construída na fazenda povoada dos terrenos pertencentes a Lanzarote Teixeira, quarto filho do primeiro donatário de Machico, Tristão Vaz Teixeira. A capela já existia em 1531, pois foi neste ano que o padre João Soares foi investido como capelão. E foi aqui fixada a sede da paróquia do Faial, quando criada por alvará régio de 20 de Fevereiro de 1550.Estaremos falando de cinco séculos de devoção à Natividade de Nossa Senhora, trazidos pelos colonizadores e exportada pelos emigrantes.
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