27 de outubro de 2007
Miguel e António Nunes são para muitos os pilotos sensação da época que agora acaba.

A geração Nunes.
António e Miguel Nunes surgiram nos ralis em 2006 e desde logo deram nas vistas aos comandos dos seus Citroën C2 foram primeiro e segundo classificados no respectivo troféu monomarca.As trajectórias 'limpas' fizeram até com que muitos pensassem que os irmãos tinham feito um curso de pilotagem."Isso não corresponde à realidade, mas se tivéssemos feito algum curso, também não teria problema em admitir", diz António de imediato."Mas um dia, teria muito gosto em fazer um curso de pilotagem em terra", confessa Miguel. "Já tivemos oportunidade para fazer um rali em terra, porque o pessoal da Peugeot arranjava-nos um 206 de troféu, mas não chegámos a fazer a experiência". E para além da terra, António e Miguel têm mais sonhos para concretizar. "Queremos um dia fazer um rali na neve e ir ao rali dos Açores. Este ano fomos lá ver e ficámos com esse desejo". A presença familiarJosé Carvalho Nunes, o pai, é adepto dos ralis e acompanha-os agora com interesse redobrado para saber os tempos dos filhos nas classsificativas."É um gosto que já vem desde há muito tempo. Sempre fui habituado a lidar com automóveis e por isso não me admirei quando os filhos me disseram que iam fazer ralis. Aceitei com naturalidade, porque desde pequenos também andavam sempre junto dos carros". Quanto à mãe, Conceição, também não se opôs à ideia de ter os filhos no automobilismo e dá-lhes o seu apoio."Achei bem e sei que em tudo o que eles se metem vão até ao fim", afirma. "E já são assim desde pequenos". É claro que há sempre algum nervosismo, mas o pai tem confiança na condução dos 'manos' Nunes."Sei que há sítios onde eles arriscam um pouco mais, mas eles guiam bem e a preparação que estes carros têm transmitem-nos também alguma segurança".Assim, José Carvalho Nunes só faz uma exigência: "O que eu quero, enquanto andarem a correr, é que encarem as coisas com desportivismo. Sei que neste desporto há muitas lutas, muita competitividade, mas desejo efectivamente é que não tenham atritos com ninguém, nem que se metam em 'guerras'". E nesta conversa familiar muito agradável, que os irmãos Nunes seguiam atentos, coube-lhes também falar do seu desempenho nos ralis, que vem apenas de 2006, depois de uma passagem muito esporádica pelo karting."Nós próprios ficámos admirados quanto fizemos o primeiro rali", afirma Miguel. "Tínhamos rodado apenas dez quilómetros com o carro, antes da prova, e quando chegámos ao final da primeira classificativa e me disseram que estávamos em nono e décimo, nem queria acreditar". "É que nem nos preocupámos em saber tempos, nem nada. Mas ficámos ainda mais satisfeitos, quando chegámos ao fim do campeonato e ficámos em primeiro e segundo dos C2". Papel químicoUma curiosidade da visita a casa dos Nunes foi ver a forma como os irmãos, que já foram considerados gémeos, mantêm as mesmas opiniões sobre os mesmos assuntos, com respostas praticamente tiradas a 'papel químico'."Essa dos gémeos nunca tínhamos ouvido falar", diz António a rir. "Já tínhamos ouvido que tínhamos tirado um curso de pilotagem, mas essa dos gémeos é realmente nova", diz por sua vez o Miguel. E lá o repórter do DIÁRIO contou que, um dia, na classificativa do Terreiro da Luta, alguém comentou: "Os gémeos Nunes estão a andar muito bem", o que motivou mais gargalhadas.Para além da sintonia em matéria de ralis, os irmãos Nunes têm os mesmos gostos e os mesmos ídolos. Não são apreciadores de Fórmula Um, mas têm um ídolo comum nos ralis, que é o finlandês Tommi Makinen e justificam. "Pensamos que foi o que mais títulos conseguiu com menos meios, porque a Mitsubishi, na altura não era equipa de topo, e daí talvez a nossa admiração por ele".O futebol também não é um desporto que os faça perder tempo, embora sejam simpatizantes do Benfica e do Marítimo, tal como os pais."Ele [António] ainda é capaz de ver um jogo ou outro na televisão, mas eu não", diz Miguel."Também vejo alguns jogos, principalmente se forem da selecção", confessa o pai.Apesar de estar ligado à informática, Miguel não é adepto de jogos, o que acontece também com António. "Quando estudávamos em Lisboa, ainda jogámos alguma coisa para passar o tempo". O jogo predilecto - e nem é preciso dizer que a preferência coincide - é o 'Colin McRae'. "Aproveitávamos o pouco tempo livre para corrermos um contra o outro". Posição no campeonato é boaFalando agora do actual campeonato, em que ocupam o quarto e o quinto lugares, os irmãos dizem: "A posição no campeonato é boa. Se me perguntar se poderíamos estar um pouco melhor, não sei. Penso que andámos bem e chegámos mesmo a fazer melhores tempos que o Alexandre e o Filipe, que são os nossos concorrentes directos, o que é positivo". De resto, a única desistência aconteceu com António Nunes, no Rali Vinho Madeira. "Foi uma sensação muito desagradável. Desistir no início e ainda por cima por causa de um rolamento que era novo, custa sempre. É daquelas ocasiões em que pensamos: se tivéssemos trazido o velho, isto não tinha acontecido". Uma alegria no FaialAgora que o campeonato está a terminar, os irmãos Nunes, naturais do Faial, gostavam de acabar com a época com uma alegria."Temos consciência de quem são os candidatos à vitória", confessa Miguel. "Mas, de qualquer modo, se acontecesse algo de imprevisível e fosse um de nós a ganhar o rali, penso que o Faial vinha abaixo". Quanto ao futuro, o projecto dos irmãos Nunes passa novamente pelos Peugeot 206 S1600. "A ideia é essa e tudo o que disserem sobre aquisições de S2000 é falso. Não digo que um dia não possamos mudar de carro, mas para o ano estaremos novamente de 206", assegura António. Co-pilotos com 'nota +'Os resultados apresentados por António e Miguel Nunes devem-se também ao trabalho que os respectivos co-pilotos têm desempenhado e estão reconhecidos por esse facto."Quando comecei tive o Henrique Freitas como navegador, porque somos muito amigos e tinha-lhe prometido que se um dia conseguisse fazer ralis ele seria meu co-piloto", diz Miguel.Por falta de tempo para se dedicar a um projecto mais ambicioso, Henrique Freitas cedeu o lugar a José Camacho. "Fiz uma boa opção. Ele é experiente, já foi diversas vezes campeão, e encara as coisas com muito profissionalismo". "Penso que a minha escolha também foi acertada", diz António sobre Jorge Gonçalves. "Ele é um bom co-piloto e tem ajudado bastante". vale dinheiroVale dinheiro a jante do Porsche 911 SC que o malogrado piloto finlandês, Henri Toivonen conduziu à vitória no Rali Vinho Madeira de 1984.O pai dos pilotos conservou-a 'religiosamente, durante todos estes anos, mas não se quer desfazer dela por dinheiro algum."Sei que a pusesse à venda na Internet, podia ganhar alguma coisa", diz José Carvalho Nunes."Ela tem um história curiosa. Estava a ver o rali com uns amigos, no Ribeiro Frio, quanto o Toivonen parou o carro ao nosso pé para mudar um pneu furado. Ajudámos na operação, porque nessa altura isso ainda podia fazer-se, e ele arrancou deixando para trás a jante. Trouxe-a para casa e é sempre uma boa recordação". a opinião dos Nunes- Todos os ralis deviam ter uma 'superespecia'. É proveitosa para o comércio local, porque são vistas sempre por milhares de pessoas;- Organizações devem saber variar os traçados. Há lugares com novas estradas, onde se podem fazer classificativas;- Exemplo do '100 à Hora', que faz o possível por variar e integrar novos 'troços' no Rali do Faial, é de saudar;- Não faz sentido duas provas com um intervalo de apenas 15 dias, antes do Rali Vinho Madeira;- 11 classificativas é o número ideal para uma prova do campeonato;- Sete ralis por época, seria o número ajustado à realidade madeirense;- Seguir o exemplo de Inglaterra, onde é proibido o uso de gasolina especial, seria bom. Reduziria os gastos em cinco mil euros por época;- Limitar o número de pneus por prova também seria benéfico e não iria influenciar a segurança;- Faz falta um rali do tipo do que era feito há alguns anos em Santa Cruz, com quatro classificativas na sexta-feira à noite e as outras no sábado;- Faltam classificativas na zona da Boaventura, onde a população gosta muito de ralis e até vem para a estrada ver os reconhecimentos.
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