Actualidades da Freguesia do Faial - MADEIRA

'O filho pródigo' é o nome do novo livro de poesia que "tem sobretudo a ver com o faial" .
O poeta madeirense José Agostinho Baptista, há muitos anos residente em Lisboa, vai lançar um novo livro seu na Madeira no dia 5 do próximo mês de Julho - mais precisamente, no Faial, provavelmente num bar "situado abaixo da igreja, ao pé da Junta de Freguesia, e pertencente a um senhor inglês: o 'Faial - Tea Rooms Terrace Bar'".Conforme nos confidenciou este autor madeirense, a obra intitular-se-á, de modo significativo, 'O Filho Pródigo', e surgirá na editora lisboeta 'Assírio & Alvim'."Acho que o título já diz tudo", refere José Agostinho Baptista, explicando, apesar disso, que este livro marca de facto um retorno às origens, a um lugar caracterizado por uma força telúrica que o impressionou profundamente, na infância, e que contém ainda uma carga sentimental e memorialista muito forte. Apesar de ter nascido no Funchal, recorda, até aos oito anos de idade passou mais tempo no Faial do que na cidade, pois os seus pais estavam a viver lá. Daí que aquela localidade tenha marcado indelevelmente o seu imaginário. "Aquela terra é algo a que não posso fugir... Algo muito bom nalgumas coisas, menos bom noutras... Mas foi ali que tudo começou. A própria poesia começou ali: todo este lado contemplativo, com este pano de fundo que é a natureza... O Faial foi um lugar de refúgio na minha infância, e é um lugar de refúgio agora, do meu mal-estar continental e lisboeta". Voluntariamente exilado na capital portuguesa durante 19 anos, José Agostinho Baptista referiu várias vezes a Madeira na sua obra poética, mas tardava em concretizar um regresso físico ao espaço que o viu nascer. Em 2005, acabou por romper com uma longa e por vezes dolorosa ausência e ensaiou uma reaproximação aos lugares da sua origem. Apesar do choque que representou este regresso, ao fim de quase duas décadas, à terra natal, apesar de ter tido de lidar com todas as transformações físicas da paisagem, com encontros e desencontros com as pessoas e as memórias, valeu a pena. No ano seguinte regressaria, fazendo o primeiro lançamento de uma obra sua na Região, o livro 'Quatro Luas' (no espaço Magnólia, no Funchal, numa sessão que contou com a colaboração de Maria Aurora, Margarida Falcão, Irene Lucília Andrade, Carlos Nogueira Fino e Eduardo Luíz, entre outras personalidades do meio cultural que se associaram à iniciativa). Já há muitos anos que o autor "sentia cada vez mais um apelo fortíssimo" no retorno à Madeira, apelo esse que se intensificou em 2005 e culminou com o seu regresso nesse ano, e que resultou ainda em novas visitas, em 2006 e e 2007. "Quase espontaneamente, surgiu este livro, que tem sobretudo a ver com o Faial", diz José Agostinho.O bar onde o livro será lançado situa-se "em frente da Penha de Águia, sobre a qual escrevi pelo menos um poema. Aliás, tenho também três ou quatro poemas que se chamam 'Faial', e que vão entrar, reescritos, neste livro". Razão suficiente, somada ao título, para justificar a opção de lançar este livro naquela localidade, num acto "informal, discreto e muito pessoal, e sobretudo, espero eu, muito sentido". O livro, acrescenta, contém cerca de seis dezenas de poemas, ao longo de mais de cem páginas. um poeta em revisitação aos lugares do começoJosé Agostinho Baptista é um dos nomes mais sonantes e uma das vozes mais originais da poesia portuguesa contemporânea. Nascido em 1948, colaborou em vários jornais, entre os quais o Comércio do Funchal e o Diário de Lisboa. Poetas como Fernando Pinto do Amaral ou António Ramos Rosa dedicaram-lhe ensaios. Além de poeta, é também tradutor de obras de autores celebrados como Walt Whitman, Paul Bowles ou W. B. Yeats. José Agostinho Baptista já foi condecorado pelo então presidente da República, Jorge Sampaio, com as insígnias de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Também já foi galardoado com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio de Poesia do Pen Clube.